quarta-feira, 24 de abril de 2013

Crônica - Coisas do Brasil



O INFERNO É AQUI!




“O Brasil é o Paraíso dos jornalistas e o Inferno dos sociólogos.”

Esta é uma das máximas prediletas do mantenedor deste blog, observador atento das contradições que caracterizam o Brasil e que – sejamos francos – nos fazem seguir em frente. Sim, pois destes disparates brota o humor que resguarda a nossa sanidade dos confiscos, pacotes e alianças políticas abjetas que definem os rumos deste país.

Não é pouca coisa, não. Tom Jobim acertou na mosca quando disse aquela célebre frase: “O Brasil não é para principiantes.”

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Os brasileiros são os únicos seres humanos que nunca saem da fase dos “porquês”.

Em criança, os enigmas são elementares, universais: “Por que o céu é azul?” “Por que a gente morre?” “Por que o cavalo malhado sempre ganha a Bozo Corrida?”

Mas só o brasileiro segue nesta linha incisiva de questionamento após perder os dentes do siso. Nesta fase, de modo geral, outros seres humanos já assimilaram a realidade e são capazes de compreender o que se passa na política, sociedade e TV de seus respectivos países. Antes tivéssemos a mesma sorte!

Nossos “porquês” se acumulam e não há ninguém para nos dar respostas. De fato, revistas como “Quem Acontece” e programas como “Fantástico” aumentam consideravelmente a confusão: por que temos que assistir ao regime do Zeca Camargo e da Renata Ceribelli em rede nacional? Por que ser informado de que, no último sábado, Susana Vieira “caiu no Funk em companhia do D.J. Pocahontas?”

Quem diabos é o D.J. Pocahontas?!

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Quer mais?

Por que um país que mal saiu das fraldas em termos de Democracia já decide seu futuro em urnas eletrônicas, quando os EUA (até onde se sabe, a Meca da Democracia) ainda recorrem a meios mais anacrônicos para eleger seus representantes?

Por que, em São Paulo, motoristas de carros têm que fazer a inspeção ambiental obrigatória, se as Marginais da cidade continuam apinhadas de caminhões fedorentos que atravancam o trânsito e expelem poluição suficiente para matar o Godzilla?

Por que a nova reforma ortográfica – uma das mais radicais “reinvenções” do idioma pátrio – foi implementada no Governo de um homem que era um perfeito ignorante?

Nunca antes na história deste país, viu, menino?


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Por que os altos executivos brasileiros são os mais bem-pagos do mundo, quando nosso salário mínimo é um dos mais baixos – estamos atrás da Argentina, do Equador, da Venezuela e até do Paraguai, que burros, deem nota Zero pra gente.

Por que o piso salarial de um professor, nesta terra esquecida por Deus, é de apenas R$ 1.187,97, enquanto um boçal como José Luiz Datena embolsa R$ 300 mil por mês para apresentar o pior programa da TV depois do “Esquenta”, com Regina Case?

Por que um ignóbil que se auto-intitula “O Palhaço Tiririca” foi o deputado federal mais votado do Brasil, apesar de ter baseado toda sua “campanha” no mote: “não sei o que faz um deputado federal; mas, se eleito, vou descobrir”?


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Por que a mulher que se diz “A Rainha dos Baixinhos” optou por ter uma filha de proveta? Por que o Padre Marcelo e os pastores eletrônicos dão tanto ibope e movimentam milhões se Jesus disse algo assim: “Quando orardes, não fazei como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e esquinas para serem vistos pelos homens”?

Por que pagamos tantos impostos (bem mais que os norte-americanos, dizem), se não temos direito a ensino público de qualidade, a um sistema de saúde decente e sequer a uma aposentaria digna? Por quê, por quê, por quê?!


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Afinal: do que estou reclamando?

Se o Brasil fosse perfeito como uma balada do Eros Ramazzotti, eu não teria sobre o que escrever aqui. No fim das contas, é melhor relaxar. E não esquecer de folhear os jornais amanhã – pois o que for manchete às 08h00 já será piada-pronta na hora do almoço.

Formou-se em Sociologia, nego?

Azar o seu!